Uma pequena história do Piano Blues


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O piano tem estado no coração do blues desde o seu início, mas diferentemente dos guitarristas e gaitistas, os pianistas de blues tinham que se contentar com qualquer instrumento que pudessem encontrar para tocar sua música

Nos anos anteriores à Primeira Guerra Mundial, quando o blues se espalhava pelo Delta em todo o Sul e Sudeste, os estilos mais tradicionais do Blues podiam ser ouvidos frequentemente no piano: alguns bares, bordéis e casas de dança costumavam ter o instrumento em algum canto.

O “Pai do Blues”, WC Handy, foi o pianista que escreveu os primeiros blues uptempo, ou seja, de andamento rápido, mas foi em New Orleans, especialmente nos bares de Storyville, que surgiu o blues lento, arrastado.

Champion Jack Dupree: mestre do blues lento

Champion Jack Dupree: mestre do blues lento

Champion Jack Dupree comentou uma vez como ele foi ensinado neste estilo por um velho chamado Drive’ Em Down, que enfatizava a questão de tocar com alma e saber usar as pausas, deixar a música respirar. Ele dizia que queria ser conhecido pelas notas que não tocou!

Conta-se que as notas repetidas da mão esquerda no blues e no boogie-woogie foram supostamente inventadas por um pianista que frequentava os campos de lenhadores no Oeste do Texas, que era tão gordo que não conseguia alcançar a região do centro do piano com sua mão esquerda, então mantinha essa mão sempre nos graves, tocando só notas graves ao invés de um acompanhamento com acordes!

Depois esse som foi copiado por guitarristas como Blind Lemmon Jefferson e Lead Belly, que, enquanto viajavam e espalhavam o blues pelo mundo, fizeram que se tornasse parte fundamental do vocabulário do estilo. Em 1917, Storyville foi fechada pela Marinha Americana e muitos músicos migraram rio acima para Memphis, St. Louis e, eventualmente, Chicago ou mais acima pela costa até Nova York, levando seu estilo de piano blues com eles.

No início dos anos 20, a maioria dos discos de blues eram gravados por mulheres, as “Blues Divas”,  geralmente acompanhadas por excelentes pianistas como Fletcher Henderson. Mas quando Leroy Carr e Scrapper Blackwell conseguiram emplacar um sucesso, em 1928, com “How Long, How Long”, os duetos de guitarra e piano começaram a se tornar muito populares.

WC Handy: o “pai do blues”

WC Handy: o “pai do blues”

Em Chicago, Big Bill Broonzy e Tom Dorsey formaram um dueto, gravando pela Hokum Blues e se apresentando acompanhados por uma pequena banda. Seu produtor, Lester Melrose, o homem que introduziu o “som de banda” no blues, geralmente tinha o pianista Big Maceo em suas gravações, dando um toque mais “urbano” e sofisticado, como era o jazz.

Já nos anos 30, a cidade de St. Louis era particularmente conhecida pelos seus pianistas de blues,  como Roosevelt Sykes, Peetie Wheatstraw, Walter Davies, Speckled Red e Jimmy Oden.

Em 1938, John Hammond promoveu um concerto no Carnegie Hall, “Spirituals To Swing” e entre as apresentações estavam os pianistas Meade Lux Lewis e Albert Ammons – que tocaram boogie-woogie ao estilo de seu falecido amigo Pinetop Smith – e Pete Johnson, que com a música “Roll’Em’Pete” contribuiu para o surgimento da era da dança, nos anos anteriores à Segunda Guerra Mundial.

 

 

Para ler a matéria completa de Mauricio Pedrosa e ver a partitura do Slow Blues, clique aqui acesse gratuitamente a edição 47 da revista digital Teclas & Afins.

 



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