Como ensinar novos hinos ou cânticos


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Um dos desafios de todas as comunidades cristãs é ensinar um repertório novo a um grupo de leigos que encontram dominicalmente em suas igrejas e, por vezes, somente nesse dia e espaço


A música cantada é parte inerente do cotidiano cristão e em suas reuniões cúlticas, seja qual for a vertente: uns mais tradicionais em sua liturgia, consequentemente hinos, e outros mais contemporâneos em seu modo e música. A música vocal predomina e a instrumental serve de apoio. Para isso, conta-se, em sua maioria, com leigos e amadores bem-intencionados, mas nem sempre bem-preparados. O fato é que não há um encontro sequer sem música, e acompanhado, no mínimo, com órgão ou piano, ou até violão. 

Algumas instruções gerais

A seguir, listamos algumas dicas gerais – e até óbvias, porém nem sempre observadas – para nortear o processo.

1 – Aprender muito bem o novo hino ou cântico a ser ensinado antes de querer ensinar a igreja em um domingo.

Se houver um coro, o regente e todos os instrumentistas devem ensaiar várias vezes antes de levar a nova música para a congregação. Não importa quanto tempo leve, conhecer bem a música e sua letra dará mais confiança ao grupo de músicos e cantores. Como ensinarão aos leigos da igreja a cantar se muitas vezes cantores e instrumentistas amadores são os primeiros a não saberem muito bem a música? Esses serão referência para o restante. Uma vez aprendido errado, dificilmente se conserta a memorização equivocada.

2 – Dar a letra da música nova ao povo da congregação.

Atualmente isso ficou bem mais simples com o uso das projeções na parede ou nas telas, o que antes seria em papel impresso. Para quem conhece música, a linha melódica escrita ajudará ainda mais. A leitura do texto cria uma outra imagem e percepção, consequentemente agiliza a memorização, além do entendimento do conceito e da poesia. Muitos textos evocam passagens bíblicas e históricas, ou ensinamentos, e a música se torna uma estratégia de memorização e entendimento desses temas.

3 – Uma breve introdução do hino, falando do seu tema, da sua mensagem ou da sua história

Alguns líderes de música gostam de explicar um pouco a ideia central do texto, e isso também pode ajudar. Devem apenas cuidar para que isso não vire um sermão e se perca o foco, que é o de aprender a música nova. Isso é que, realmente, trará a memorização. Evidentemente, cantar um texto brevemente explanado ou explicar conceitos ou termos difíceis contribui para o entendimento.

4 – Ser estratégico ao apresentar a música ou repertório novo.

Não inserir a música nova em um culto principal correndo o risco de se expor ao erro. A sugestão aqui é de inserir tal música primeiramente em pequenas reuniões e cultos, deixando a congregação se familiarizar com a nova melodia aos poucos. Alguns exemplos: tocar no culto o novo hino como uma abertura como prelúdio ou ao final como poslúdio; usar o hino como música especial pelo coro, solista ou outro conjunto; cantar apenas com poucos cantores e um teclado ou piano, ou violão se for o caso, e apenas melodia sem todo o aparato do arranjo primeiramente.

5 – Aprender pelo ponto marcante da música, o refrão.

O refrão é o clímax da canção e mais fácil de ser retido. Muitas músicas têm duas partes (A – B), estrofes e refrão; outras já contam com mais seções, como uma “ponte” (A – B – C – A – B). O ensino pode ser feito estrategicamente visando tais seções calmamente, assim, depois, quando apresentado por completo, as pessoas se sentirão mais à vontade. Lembrando do primeiro ponto acima, esse estudo por seções deve ser totalmente entendido pelos músicos e cantores primeiramente.

6 – Ensine a grupos menores primeiro.

Procure ensinar a música desconhecida a uma classe da EBD (Escola Bíblica Dominical) ou em reuniões semanais nas casas, ao grupo de jovens, ou a qualquer outro grupo organizado da igreja. Um recurso atual e fácil, atualmente, é o de gravar. Trata-se de um bom recurso tanto para o grupo de músicos e cantores quanto para maior disseminação da música nova. E é possível fazer isso com os telefones celulares, nem precisa ser um aparato maior, a menos que a igreja local possua.

7 – Gravar os ensaios e fazer um arquivo dos áudios.

Com o avanço e a facilidade tecnológica, este recurso poupa muito trabalho futuro. Grave os naipes e as vozes separadamente, caso tenham um arranjo dedicado. Grave, sobretudo, a melodia principal e sua letra. E grave o produto final! Essas são algumas ideias que ajudam até mesmo a tirar dúvidas futuras sobre a melodia e o arranjo da música, ou até mesmo analisar e repensar o modo e arranjo dela.

8 – Não complique!

Quando se pensa em uma música especial para determinadas ocasiões, podemos lançar mão de arranjos mais elaborados e que exigem cantores e músicos mais experientes – há lugar e tempo para tudo.Contudo, em música de estilo congregacional, ou seja, onde todos devem cantar uniformemente e, geralmente, em uníssono (o que não é tão simples quanto parece), é de se lembrar que a igreja não é um grupo treinado, mas formado por leigos. A igreja aprenderá melhor e em menos tempo um hino mais simples, mais silábico (os melismas serão naturalmente descartados, visto que servem para solistas), com melodia sem tantos saltos obtusos ou dissonantes, e sem ritmo complexo demais. De outro modo, a maioria das pessoas pode aprender qualquer música, até mais complexa, se o regente e o grupo musical forem aptos, pacientes e estratégicos. Mas se deve sim pretender que a musicalidade da igreja também cresça.

9 – Não descarte uma música nova na primeira dificuldade.

Por vezes, a música recém introduzida não é tão facilmente compreendida, recebida ou até do agrado de todos. Por isso, pontuamos acima em ser estratégico e inserir aos poucos em pequenas reuniões. Gosto pessoal muito influencia, assim como o momento, a complexidade da música ou da letra. Às vezes, o arranjo deve ser repensado (o arranjo de uma música pode ser mudado, isso não infringe os direitos autorais). Qualquer música nova e repertório demanda tempo de amadurecimento, seja do grupo musical envolvido, seja da igreja reunida.

10 – Escolha a música adequada ao contexto da igreja local.

Este deveria ser o primeiro ponto, na verdade o primeiro que o regente ou líder musical deve pensar. Uma determinada música pode ser do agrado pessoal, mas devemos responder antes: será que tal música é adequada a essa igreja? será que ela vai acrescentar ou vai dividir? Essa música condiz com o contexto e o estilo da igreja atual? Deve haver bom senso e estratégia. O público e o estilo de igreja mais tradicional vão preferir um tipo de repertório, ao passo que uma igreja mais contemporânea preferirá outro. O tipo de reunião e seu público assistente também. Também influenciam o contexto histórico-social e até teológico. Portanto, deve haver prudência, porque, na música gospel tradicional ou não, há sempre uma funcionalidade, um propósito, e deve haver respeito a isso.

Deixamos claro que acima elencamos apenas algumas dicas ou conselhos sobre esse assunto, não um mandamento. Ponderações, adaptações e acima de tudo, bom senso e respeito deve sempre conduzir ao objetivo maior.

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Silas Palermo

Formado em Piano Erudito pelo Conservatório Musical Beethoven e em Piano Popular pela ULM 1991, Bacharel em Piano pela Universidade Fundação Lusíadas, estudou Música Contemporânea com Gilberto Mendes e Composição com Edmundo Villani-Cortês. Tem Licenciatura em Artes/Música, é Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Doutor em Música pela USP. Professor no Instituto Canzion Atlanta/USA, na Unisantos – Universidade Católica de Santos e na Escola Técnica de Música e Dança IRS de Cubatão. Foi produtor musical e arranjador da MK Publicitá, do meio gospel, onde, dentre tantas gravações, o CD Jesus, Fonte de Alegria com a música “Glorifica” teve grande aceitação e o Disco de Ouro pelo Projeto Vida Nova de Irajá.

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