Do Tradicional ao Gospel: tipos de harmonização


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A ideia do uso das conduções harmônicas surgem exatamente com uso das vozes humanas no estilo coral e vai se modifica do ao longo do tempo. Ao surgir mais de uma voz cantando simultaneamente com a voz principal melódica, se faz necessário organizar o caminho de cada voz, como cada voz secundária trilharia em relação à principal.

Muitas teorias e modos de operação surgem, que se baseiam nos principais movimentos entre as vozes: direto ou paralelo, contrário e oblíquo. Comparando duas ou mais vozes simultâneas, podemos ter um movimento paralelo, como é muito comum na música popular e sertaneja, por exemplo, com uso de terças ou sextas seguidas; ou um movimento contrário, em que uma voz sobe e outra desce, movimento mais independente e mais refinado no arranjo; ou ainda o movimento oblíquo, onde uma voz se movimenta e outra permanece estática.

Todas essas possibilidades podem estar mescladas em uma única música. Pois bem, tais conceitos surgem das vozes corais e são inseridos nos arranjos instrumentais e, obviamente, nos instrumentos de teclado. Esse conceito vai um pouco além dos acordes em bloco, embora igualmente importante e até necessário.

Utilizaremos, a seguir, alguns exemplos para ilustrar. Uma única e antiga melodia será usada para tal fim, “Our Sus Serviteurs Du Seigneur”, música do século 16 composta por Louis de Borgeois e utilizada como cântico cristão com a letra inspirado no Salmo 134 e inserida no livro de música chamado Saltério de Genebra. Mostraremos alguns tipos de harmonização do tradicional ao moderno gospel. No início, a música ocidental utiliza melodia única, cantada em uníssono ou em oitavas. A harmonização é um processo gradativo e mutável, e autores e arranjadores posteriores poderiam modificá-la. A seguir, temos a melodia selecionada como exemplo.

Podem-se perceber algumas características: melodia em graus conjuntos, poucos saltos; melodia dividida em quatro partes ou versos e com uma nota mais longa ao final que marca uma respiração depois dela (demarcada pelos compassos); uma certa simetria rítmica entre cada uma das quatro partes; em cada verso, a melodia toma um impulso rítmico no início e desacelera ao final para a respiração. Tal melodia é executada um pouco ad libitum, à vontade, sem pressa.

A música da igreja se valeu por muito tempo de várias melodias em uníssono, sem necessidade de harmonização, pois o texto conduzia a melodia e, por outro lado, nem sempre se contava com músicos e cantores experientes para divisão de vozes. Outro fato é que harmonizar era opcional e modificável ao longo do tempo.

Ao lado, temos a mesma música harmonizada pelo mestre compositor do século 16 Claude Goudimel que, por volta de 1554, insere uma harmonia. Atenção! Essa harmonização não é pensada segundo o conceito funcional de hoje.

A melodia original, mas com um arranjo a quatro vozes com certa independência de movimento, ora paralelo, ora contrário, ora oblíquo, numa riqueza de movimentos. Nessa época, já há o prenúncio da harmonia que surgiria tempos depois. Aqui ainda há,por exemplo, uma incidência de acordes não exatamente conectados funcionalmente. Contudo, já se vislumbra a final de cada compasso, que corresponde a respectiva frase, uma finalização cadencial, um descanso.

A cadência aponta para o conceito de dominante-tônica, tipo V – I, primário ou secundário. Entretanto, nesse conceito da época – e de outros séculos seguintes – a nota chamada de sensível precede o acorde final da frase. A sensível está posta em uma das vozes do acorde (sensível é sempre um semitom da nota alvo). Portanto, no primeiro compassofrase, temos a nota FÁ # como sensível do acorde final em Sol Maior; no segundo compasso, temos a nota Sol # como sensível do acorde final em Lá menor; no terceiro, temos uma dupla, o Dó # para o acorde de Ré Maior que por sua vez será a dominante do Sol Maior; no último compasso-frase o Fá# para o acorde final em Sol Maior…

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Silas Palermo

Formado em Piano Erudito pelo Conservatório Musical Beethoven e em Piano Popular pela ULM 1991, Bacharel em Piano pela Universidade Fundação Lusíadas, estudou Música Contemporânea com Gilberto Mendes e Composição com Edmundo Villani-Cortês. Tem Licenciatura em Artes/Música, é Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Doutor em Música pela USP. Professor no Instituto Canzion Atlanta/USA, na Unisantos – Universidade Católica de Santos e na Escola Técnica de Música e Dança IRS de Cubatão. Foi produtor musical e arranjador da MK Publicitá, do meio gospel, onde, dentre tantas gravações, o CD Jesus, Fonte de Alegria com a música “Glorifica” teve grande aceitação e o Disco de Ouro pelo Projeto Vida Nova de Irajá.

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