Fairlight CMI – O sistema sampler e sintetizador digital que inspirou as típicas DAWs modernas baseadas em PCs
Os anos 80 realmente deixaram muita nostalgia. Naqueles dias, nós, brasileiros, acabávamos de sair de um regime de ditadura militar e experimentávamos o gostinho da redemocratização e da liberdade.
Para aumentar esse sentimento, o rock nacional explodia com Gang 90 e as Absurdettes, de Júlio Barroso, Blitz, Legião Urbana, Barão Vermelho, Kid Abelha, Léo Jaime, Uns e Outros, Lulu Santos, Lobão (também ex-Blitz), Ritchie, Inocentes, Cólera, Ratos de Porão, Ultraje a Rigor, Ira!, Titãs, RPM, Zero, Metrô, Kid Vinil e tantos outros. Surgiram o Circo Voador, Aeroanta, Carbono 14, Madame Satã e, finalmente, o Rock In Rio.
À parte das roupas coloridas e o estilo jovem da época, o que mais marcou a década foi, sem dúvida, o som, o som intenso, mágico, eletrizante, eterno e imortal dos anos 80. E não me refiro apenas à indústria fonográfica, mas ao som da publicidade, do cinema, dos jogos e de tudo. O som dos anos 80 simplesmente já não era o mesmo de outrora e, mais do que isso, era diferente de tudo o que jamais havia sido ouvido antes. Na TV, uma enxurrada de seriados de ação marcou época por meio de trilhas sonoras memoráveis.
O efeito dessa overdose sonora que começou naqueles tempos agitados parece ainda querer persistir hoje em dia, mesmo passados praticamente 30 anos. Jovens hipsters e sentimentalistas de meia-idade celebram o ressurgimento do vinil, enquanto estrelas da década, como A-ha ou Rick Astley, estão em turnê com suas músicas antigas e novas. Ao mesmo tempo, bandas jovens como Hurts, Chvrches e Drangsal celebram o som do sintetizador inconfundível dos anos 80 nos seus novos hits e, nos bastidores, virou praticamente uma moda entre os fabricantes de instrumentos (e softwares) musicais o relançamento de modelos vintage nos últimos anos.
Nomes como Hammond, Rhodes, Wurlitzer, Clavinet e Moog, nunca estiveram tão em alta como nos últimos anos. Mas só quem era músico e viveu os loucos anos 80 é que pode ompreender a verdadeira dimensão e o que foram aqueles anos em termos de revoluções conceituais nos processos de criação e manipulação de sons. O som da década de 1980 era diferente de tudo o que jamais havia existido e, talvez, muito além do que havíamos imaginado em termos de possibilidades musicais.
Fairlight CMI
Uma das coisas mais surpreendentes que vimos surgir nessa época foram as DAWs – Digital Audio Workstation (ou Estações de Trabalho de Áudio Digital, em português). Nessa era pré-Cubase, quando o computador em si ainda era um “mistério” e uma ideia futurística, o surgimento das primeiras workstations musicais baseadas no computador pessoal, como Fairlights e Synclaviers, deixaram os músicos praticamente malucos.
Inclusive, era difícil de entender o conceito dessas engenhocas naquele tempo. Tínhamos a sensação de que a tecnologia musical tinha chegado ao seu limite com aquelas primeiras e milagrosas máquinas digitais para manipular sons, que hoje podem parecer até banais, mas, na época, eram como verdadeiras caixas de pandora, abertas a todas as possibilidades imagináveis ou não no que diz respeito à manipulação sonora.
Como tudo dos anos 80, Fairlights e Synclaviers estão de volta. É claro que o poder de computação de seus hardwares, que não chega nem perto dos nossos celulares atuais, não interessa tanto, mas as amostras de fábrica desses modelos estão na moda novamente.
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