Finalizações em jazz e música brasileira


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Nós, músicos de jazz e música instrumental, investimos um grande tempo e esforço na assimilação de repertório e no aprimoramento da arte da improvisação e, por vezes, deixamos de lado algumas questões práticas essenciais, como introduções e finalizações das músicas, principalmente quando essas precisam ser decididas em tempo real durante uma apresentação ao vivo

Como diria o velho ditado baseado no título de uma das peças de William Shakespeare “tudo fica bem quando termina bem” (All’s Well That Ends Well), as finalizações das músicas podem definir a qualidade da performance musical. Uma música bem concluída passa a sensação de coerência narrativa e satisfaz a plateia em relação ao fechamento da performance. Ao contrário, uma música mal finalizada, sem clareza melódica, rítmica e harmônica, pode passar a sensação de falta de preparo e qualidade do músico. Para o expectador, a última impressão é a que fica, portanto é importante para o músico improvisador estudar algumas maneiras práticas para finalizar as músicas de maneira satisfatória e convincente.

Na edição de número 105 de Teclas & Afins, escrevi sobre introduções musicais. Nesta, irei complementar o assunto neste artigo abordando seis finalizações para músicas do repertório de jazz e bossa nova. Como o assunto é extenso, vou me restringir aqui a músicas em tonalidade maior.

As finalizações demonstradas aqui são, em geral, retiradas de composições e arranjos muito conhecidos do repertório de jazz e bossa nova (os famosos standards), o que facilita a comunicação e a reação mais rápida entre outros músicos do grupo para que todos executem a mesma frase e terminem a performance em sincronia. Os exemplos estão todos em Dó Maior para facilitar a assimilação, porém, o ideal é que se transponha cada frase para as demais tonalidades, assim você estará preparado para utilizar essas finalizações em qualquer situação.

Duke Ellington

1. Finalização “Take the ‘A’ Train”

Essa finalização se refere à frase final da música “Take The ‘A’ Train”, composta por Billy Strayhorn em 1939, que ficou muito famosa com a orquestra de Duke Ellington. Essa finalização também é conhecida como Ellington’s Ending, sendo, com certeza, uma das finalizações mais populares no jazz. Ela funciona muito bem em músicas de tonalidade maior em que a melodia termine na tônica. frase se inicia no terceiro grau do acorde, progride cromaticamente até o quinto grau e finaliza com uma escala diatônica ascendente até atingir o oitavo grau da escala maior. A forma mais comum de executar essa finalização é dobrando a melodia com o baixo e, se estiver tocando em grupo, todos os instrumentos fazem essa melodia em uníssono.

Esta é a forma mais comum da finalização “Take The ‘A’ Train”, e embora considerada cliché por muitos músicos, ainda é uma das finalizações mais usadas no repertório de jazz standard, por isso é bom ter essa frase “debaixo dos dedos” em todas as tonalidades para poder usar a qualquer momento. Uma possibilidade em relação a essa frase de finalização é tocar uma outra melodia (improvisada ou decorada) sobre a frase padrão do baixo. Nesse caso, mantemse a frase original na mão esquerda e a nova melodia na mão direita. Assim, obtemos mais variedade, mesmo usando a mesma frase de finalização. Seguem aqui dois exemplos:

Há uma gama enorme de possibilidades para criação de novas frases sobre a finalização “Take The ‘A’ Train”. Experimente criar a sua própria versão!

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Thito Camargo

Pianista, compositor, arranjador e educador com foco em música popular brasileira e jazz. É bacharel em Música Popular pela UNICAMP e mestre em Jazz Performance pelo College-Conservatoire of Music – University of Cincinnati nos Estados Unidos. Por longo período foi músico ativo na cena musical do interior de São Paulo e capital, e desde 2015 atua nos Estados Unidos se apresentando, gravando e ministrando cursos de piano popular e prática de música brasileira para conjuntos em diversas instituições americanas. Como sideman, colaborou com artistas de jazz de renome internacional, como o baixista Christian McBride, o trompetista Etienne Charles e o saxofonista Jesse Jones além de liderar seu próprio trio de jazz brasileiro, Braza Trio, com quem se apresenta nos Estados Unidos. Thito também ministra cursos online de piano clássico, piano jazz, harmonia e improvisação jazzística e estilos de música brasileira.

www.thitocamargo.com

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