Os deuses do jazz


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Alguns pianistas imprimiram de tal forma sua marca na história do jazz, criando técnicas e sonoridades únicas, que se tornaram referência no estudo dos diferentes estilos


A história da música ocidental reserva um capítulo à parte para o jazz. Estilo de extrema riqueza e versatilidade, é um gênero popular americano que nasceu das canções dos escravos negros, em seu processo de adaptação à nova cultura.

Permitindo ao intérprete variações melódicas a partir de uma harmonia predeterminada e um ritmo regular – de modo a enriquecer, com ornamentos e improvisações de grande força expressiva, um esquema musical originalmente simples e uniforme – consagrou-se como forma de expressão artística universal. Com instrumentação, melodia e harmonia europeias, o jazz possui o ritmo, o fraseado e certos temperos harmônicos da música africana.

O desenvolvimento do gênero se deu com a contribuição da criatividade e do inconformismo de verdadeiros gênios que, pedaço por pedaço, romperam com o tradicionalismo e implementaram uma nova maneira de fazer música. Entre eles, destacam-se algumas figuras emblemáticas que trouxeram ao estilo elementos inovadores, influenciando várias gerações de músicos.

O piano tem participação importante nesse processo por tratar-se do instrumento que reúne o maior número de possibilidades ao trabalhar com a harmonia, a melodia e o ritmo. Separamos os pianistas que mais personalidade imprimiram a seus trabalhos e trouxeram
valiosas contribuições ao jazz. E a melhor maneira de se obter uma visão geral dos diferentes estilos é seguir resumidamente sua evolução, desde o início do século passado até o presente.


“Jelly Roll” Morton

O piano e a história

O berço do jazz é New Orleans, em cuja zona de meretrício surgiram os primeiros grandes músicos da nova tendência. Entre os nomes mais importantes da época destacam-se “Jelly Roll” Morton e “Fats” Waller, por terem desenvolvido, no início do século 20, o estilo “stride” criado por Scott Joplin.

O blues e o boogie foram incorporados ao jazz, resultando no novo gênero dos anos 30: o swing. Durante aquela década, Earl Hines começou a improvisar imitando as variações melódicas dos saxofones e trompetes, influenciando assim muitos músicos, dentre eles Teddy Wilson, Count Basie e Nat “King” Cole.

Com a chegada de Art Tatum – considerado o maior pianista de jazz de todos os tempos – a execução ao piano se enriqueceu, pois ele literalmente “resumiu” no instrumento tudo que havia sido desenvolvido desde Joplin. Verdadeiro virtuose, Tatum abriu caminho em direção ao novo estilo: o bebop. Essa foi a primeira tendência marcante da década de 1940. O movimento começou em New York com as primeiras jam sessions, sessões musicais informais que aconteciam após a meia-noite (de onde surgiu o termo jam, iniciais de “jazz after midnight”), isto é, depois do horário de trabalho dos músicos.

Art Tatum

O gênero superpôs acordes adicionais a esquemas tomados do jazz tradicional, e rompeu com a excessiva regularidade rítmica que caracterizava os anteriores. Figuras como o saxofonista e compositor Charlie “Bird” Parker, considerado o maior improvisador da história do jazz, o trompetista Dizzy Gillespie, que se transformou no próprio símbolo do bop, e o pianista e compositor Thelonious Monk, foram os responsáveis pela evolução do estilo. Constituído por melodias longas e irregulares e improvisações altamente técnicas, o gênero inspirou Bud Powell, que também aplicou essas características ao piano.

No final dos anos 40, um estilo mais relaxado e suave surgiu e foi chamado cool jazz. Sua sonoridade tinha maior intimidade e densidade, incrementadas por um ritmo lento e vibrante. Seu mais célebre representante foi o trompetista Miles Davis. É dessa época, também, o quarteto de Dave Brubeck. Figuras importantes como Lennie Tristano e John Lewis (Modern Jazz Quartet) também fizeram parte do movimento. O pianista Milt Buckner criou o estilo blockchord, deixando-o, porém, em um estágio embrionário. A técnica tornou-se conhecida por meio do pianista inglês George Shearing.

Nos anos 60, pianistas se voltaram a alguns aspectos dos estilos iniciais, com a revitalização do bop, a redescoberta de Thelonious Monk e o reestudo da obra de Charlie Parker, porém acrescentando sua própria personalidade. Dentre eles podem ser citados Ahmad Jamal, McCoy Tyner, Tommy Flanagan e Red Garland, cuja importância foi fundamental no desenvolvimento dos acordes sem tônica e, sem dúvida, foi o criador da técnica.

Thelonious Monk

Bill Evans, com seu estilo inteligente e frio, harmonias impressionistas e frases irregulares – tendências extraídas de compositores como Stravinsky e Ravel – criou uma escola de pensamento musical. Foi o músico de maior influência dos últimos 50 anos, não só a pianistas como instrumentistas em geral. Essa renovação permitiu a criação de correntes de vanguarda, como o free jazz ou new thing – caracterizado pela improvisação total e pela ausência de qualquer trama melódico-harmônica preestabelecida -, assim como do jazz modal de cunho mais intelectual praticado por Charlie Mingus,

Na década seguinte, os estilos de jazz fragmentaram-se em sub grupos como hard bop (Horace Silver), progressive jazz (Dave Brubeck) e funk jazz (Hampton Hawes e Oscar Peterson). Peterson, um gigante do piano, sentia-se naturalmente bem em qualquer estilo – stride, swing, bebop, funk, latin etc – tornando tudo possível.

Na década de 1970, a fusão denominada jazz-rock levou músicos como o pianista Chick Corea a realizar experiências com instrumentos eletrônicos. Ele, assim como Herbie Hancock, foi influenciado por Bela Bartók e utiliza vários de seus conceitos em sua maneira de tocar.


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