“The Lamia”, do Genesis


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Considerado por muitos o melhor álbum da banda Genesis, The Lamb Lies Down on Broadway traz “The Lamia”, uma das mais belas canções do grupo


Em junho de 1974, o Genesis começou a trabalhar em seu álbum conceitual duplo, The Lamb Lies Down on Broadway, o que marcou o início do relacionamento cada vez mais tenso de Gabriel com o resto do grupo, o que contribuiu para sua saída da banda.

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Gabriel se opôs à ideia de Rutherford de um álbum baseado em O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, achando que era “muito frágil”. Ele convenceu a banda a contar uma história menos fantástica e complicada envolvendo Rael, um jovem porto-riquenho que mora em Nova York e embarca em uma busca espiritual para estabelecer sua liberdade e identidade enquanto encontra vários personagens bizarros pelo caminho.

Gabriel escreveu a história com influências de West Side Story, “uma pitada de punk”, citações de Pilgrim’s Progress e de Carl Jung, e o filme El Topo de Alejandro Jodorowsky.

A maioria das letras do álbum foi escrita por Gabriel, deixando boa parte da música para o resto do grupo. Sua ausência em grande parte do processo,  por causa das dificuldades com o primeiro parto de sua esposa, foi algo sentido por Rutherford e Banks, que afirmaram que “foram terrivelmente desprovidos de apoio”. Gabriel também deixou o grupo quando o diretor William Friedkin pediu que ele escrevesse um roteiro, mas retornou depois que o projeto foi arquivado.

Com o vocalista de volta, todo o conceito começou a ser montado. O disco possui uma longa história introdutória contada por um narrador. Rael faria uma viagem ao seu subconsciente e se confrontaria com a morte – caso de “The Supernatural Anaesthetist” – e com o amor – “The Lamia”. E Gabriel povoaria tudo com seu grande conhecimento de mitologia.

Genesis

Mas as gravações foram tensas e os músicos se revezavam em turnos no estúdio. Phil Collins trabalhava de madrugada no Island Studios, em Notting Hill, enquanto o restante trabalhava pela manhã. Para piorar, Gabriel ficava revisando as letras várias vezes, atrasando ainda mais o projeto.Quando resolveu gravar seus vocais, os demais foram expulsos do local. O disco ainda teve a colaboração de Brian Eno, que fez algumas ambientações.

Lamb Lies Down on Broadway foi lançado em novembro de 1974 e alcançou a décima posição no Reino Unido e 41º nos EUA. “Counting Out Time” e “The Carpet Crawlers” foram lançados como singles em 1974 e 1975, respectivamente.

A capa é a primeira de quatro álbuns do Genesis projetadas por Storm Thorgerson e Aubrey Powell do Hipgnosis. De novembro de 1974 a maio de 1975, o Genesis completou 102 apresentações na América do Norte e na Europa como parte da turnê The Lamb Lies Down on Broadway.



Lamb Lies Down on Broadway – o show

O set incluía Lamb Lies Down on Broadway apresentado em sua totalidade, decisão que não foi apoiada por toda a banda, considerando que a maior parte do público ainda não estava familiarizada com a grande quantidade de material novo. O show envolveu novos trajes mais elaborados usados por Gabriel, três telas de pano de fundo que exibiam 1.450 slides de oito projetores, e uma tela de iluminação a laser.

Para os shows, Gabriel adotou o personagem Rael, usando em boa parte uma jaqueta de couro e calça jeans, o que era diferente para quem costumava usar máscaras e mais máscaras nos shows em anos anteriores. Os críticos de música frequentemente focavam suas críticas na teatralidade de Gabriel e levavam a performance musical da banda como secundária, o que irritava o resto do grupo.



Apesar das letras peculiares de Peter Gabriel, estrela maior dos shows realizados para promover o disco, os maiores responsáveis pelos arranjos foram o baixista Michael Rutherford e o tecladista Tony Banks. Esse detalhe, pouco lembrado por fãs, é um dos maiores motivos para a mágoa dos dois até hoje.

Durante a turnê, em Cleveland, Gabriel disse à banda que sairia no final. O vocalista escreveu uma declaração sobre sua saída para a imprensa inglesa explicando que ficou desiludido com a indústria da música e queria passar mais tempo com sua família. O tecladista Tony Banks declarou mais tarde: “Pete também estava ficando grande demais para o grupo. Ele estava sendo retratado como se fosse ‘o cara’, e realmente não era assim. Era uma coisa muito difícil de acomodar. Então, na verdade, foi um alívio”.


Genesis

O Genesis é uma banda de rock inglesa formada por alunos da Charterhouse School, Godalming, Surrey, em 1967: o tecladista Tony Banks, o baixista e guitarrista Mike Rutherford, o vocalista Peter Gabriel e o baterista Anthony Phillips. Outro ex-aluno, Jonathan King, organizou para que gravassem vários singles e um álbum, todos sem sucesso. Depois de se separar de King, o grupo começou a fazer uma turnê, assinando com a Charisma Records.

Após a saída de Phillips, o grupo recrutou o baterista Phil Collins e o guitarrista Steve Hackett e gravou vários álbuns de estilo rock progressivo, com shows ao vivo centrados nos figurinos e performances teatrais de Gabriel. A banda passou por muitas mudanças no estilo musical ao longo de sua carreira, da música folk ao rock progressivo dos anos 70, antes de abraçar o pop no final da década.

O grupo foi bem-sucedido comercialmente na Europa, antes de entrar nas paradas do Reino Unido com Foxtrot, álbum de 1972, Selling England by the Pound, de 1973, e The Lamb Lies Down on Broadway, de 1974, antes de Gabriel deixar o grupo. Todos se lembram de The Lamb Lies Down on Broadway por ser o último trabalho de Peter Gabriel como cantor do Genesis. Alguns, por isso, o consideram o melhor da banda.


“The Lamia”

“The Lamia” é a quinta faixa do segundo disco e um dos mais belos temas do álbum. Na história, o personagem central, Rael, sente um forte perfume. Explorando sua prisão natural, a caverna onde está encarcerado, ele encontra uma pequena rachadura pela qual o perfume entrou. Ele consegue mover algumas pedras e se libertar entrando em uma sala iluminada por uma luz de vela no meio da qual há uma piscina. Três pequenas criaturas meio-cobras/meia-mulheres o recebem.



Ele entra na piscina e, engolindo um pouco da água, sua energia vital começa a escapar de seu corpo. As “lâmias” bebem sua energia, acariciando-o o tempo todo. Mas quando chegam ao seu sangue, morrem rapidamente. Rael, por paixão, come seus corpos sem vida antes de sair da sala. Quando olha para trás, ele vê que o palco está de volta à sua aparência inicial, aguardando um novo visitante.

Canção que mistura temas fantásticos (as sirenas), iniciação ritualística e canibalismo erótico, “The Lamia” é uma delicada balada não muito diferente de “The Carpet Crawlers”, embora aqui a música seja mais desenvolvida e teatral e a conclusão instrumental contenha um solo pungente de guitarra e uma intervenção rara de flauta.


Para ler a matéria completa, saber tudo sobre “The Lamia” e ter acesso à transcrição dos teclados feita por Renato Moog, acesse gratuitamente a edição 53 da revista digital Teclas & Afins clicando aqui!




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