Rick Wakeman é uma referência para qualquer tecladista. Chamado por alguns de “mago dos teclados”, é, na verdade, um pianista com formação clássica que, no início dos anos 70, aventurou-se pelo rock com grande sucesso. Sua participação no grupo Yes foi decisiva para o som sinfônico que eles buscavam.
Em uma entrevista, Rick Wakeman revelou que sua função na banda Yes era “apenas embelezar as músicas” dos outros. Declaração modesta e verdadeira. Como tecladista de apoio, começou a carreira no Trident Studios. Participou de gravações de David Bowie – onde pode-se ouvir seu Mellotron em “Space Odity” -, do álbum Madman Across The Water, de Elton John, e em vários álbuns da banda Strawbs.
A revista Prog Magazine o descreveu como “um dos homens mais engraçados do prog”, por causa das suas entrevistas sempre carregadas de bom humor, como pudemos
ver no Rock´N Roll Hall Of Fame, quando o Yes foi premiado.
Apesar desse curriculum invejável, muitos dos seus discos solo decepcionam. Sua estreia com o instrumental The Six Wives of Henry VIII chamou a atenção para o até então pouco conhecido jovem tecladista do Yes. Seu projeto seguinte, Journey to the Center of the Earth, fez muito sucesso, unindo uma orquestra sinfônica e um coral a um grupo de rock. O instrumental, a orquestra e os dois vocalistas com presenças e vozes diferentes foram marcantes, mas as melodias e as letras, principalmente essas, deixavam a desejar.
The Myths and Legends of King Arthur and the Knights of the Round Table seguiu a mesma fórmula, mas as melodias e letras estavam mais entrosadas, as letras um pouco mais rebuscadas e o resultado muito melhor. Apesar disso, não teve o mesmo apelo e o mesmo sucesso, mesmo sendo musicalmente superior ao anterior.
Quando Wakeman lançou seu terceiro álbum, No Earthly Connection, houve um grande alarido dos fãs que sentiram falta da orquestra e da megalomania dos projetos anteriores. O tema era sobre o contato com extraterrestres a partir da música. A orquestra foi substituída por um naipe de metais com frases bem interessantes. Wakeman era a orquestra e, como único tecladista da banda, teve trabalho dobrado.
As músicas não só se sustentavam apesar da sonoridade diferente, mas também não se tornaram datadas ou obsoletas. Depois de muitos álbuns irregulares, alguns gravados apenas por questões contratuais e de uma “fase new-age” que ele mesmo não reconhece (“colocaram um piano no palco, os gravadores embaixo, me disseram para tocar e eu toquei um monte de coisas” – explicou ele em uma entrevista), ele apareceu com um álbum atual e moderno, mas com todas as características que se espera, não apenas do trabalho solo de um tecladista, mas de Rick Wakeman. Damos, então, um salto para 2007: Out There (In Space).
Out There (In Space) – o álbum
Como em No Earthly Connection, o tema é a música e o espaço, hobby que ele cultiva com ajuda de amigos na NASA. A principal diferença deste álbum para qualquer outro dele está na sonoridade da guitarra de Ant Glynne. Na bateria, está o parceiro de longa data Tony Fernandes, que tem uma pegada atual e mostra-se mais versátil do que nunca. Para os vocais, foi chamado Damian Wilson, e, para o baixo, Lee Pomeroy. Esta é a nova formação do English Rock Ensemble.
Parece que após os álbuns Retro (Vol. 1 e 2), Wakeman descobriu novamente o prazer de tocar e não ter vergonha dos timbres característicos de seu Minimoog. O álbum foi lançado em duas versões. Uma, com a capa vermelha, com seis faixas e outra, de capa azul, com nove, mas há uma versão por aí chamada Out There – The Movie. Não se trata de mais uma trilha sonora como as que Wakeman já fez, como explicou a publicação OST & Musics Forever: “Esta é uma versão em DVD do álbum de estúdio Out There com algum conteúdo visual ruim, gerado principalmente por computador. Este conteúdo visual não é muito interessante e parece como se tivesse sido feito em casa. A música, no entanto, é muito, muito boa! De fato, Out There é realmente uma das melhores obras de Rick! A música é a mesma tanto no DVD quanto no CD, além de alguns exemplos de palavras faladas da NASA e intervalos mais longos entre as faixas. A versão do CD flui um pouco melhor. Se você já tem o álbum em CD, não há sentido em comprar este DVD, a menos que você seja um grande fã ou colecionador sério. A parte mais interessante é que, no bônus, há uma entrevista com Rick e alguns bastidores da turnê que eles fizeram em apoio ao álbum. O álbum em si é uma excelente adição a qualquer coleção Prog, mas esta versão em DVD não é essencial. Pegue o CD, é altamente recomendado!”
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Alex Saba é tecladista, guitarrista, percussionista, compositor, arranjador e produtor com cinco discos solo e dois álbuns ao vivo, um com o Hora do Rush e outro com o A&B Duo, com participação de Guilherme Brício, lançados no exterior pelo selo Brancaleone Records. Produziu e dirigiu programas para o canal TVU no Rio de Janeiro e compôs trilhas para esses programas com o grupo Poly6, formado por 6 tecladistas/compositores. Foi colunista do site Baguete Diário e da revista Teclado e Áudio. www.alexsaba.com.br
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