O tecladista e compositor Wagner Cappia conta sobre sua carreira, a produção do primeiro álbum da banda Eve Desire e o lançamento do single “Quantica”, faixa do CD
Pianista, tecladista, produtor e sócio-diretor do Conservatório Musical Ever Dream, em São Paulo, Wagner Cappia iniciou seus estudos em piano clássico em 1982. Três anos depois, passou a integrar sua primeira banda de grande expressão no cenário rock do artisticamente tradicional bairro da Pompeia, em São Paulo. A BR3, com estilo funk rock e músicas próprias, encerrou suas atividades dois anos depois, e o tecladista passou a integrar bandas de vários estilos, autorais e cover, além de desenvolver trabalhos como composição e gravação de trilhas sonoras para vídeo.
Cada vez mais ligado ao hard rock e ao heavy metal, Cappia atuou em várias bandas desses estilos, sem abandonar a base erudita nas execuções. Em 1994, interrompeu a carreira musical intensa, passando a compor de forma reservada, apenas para audição própria. Nesse período, iniciou o uso da tecnologia na música, criando um home studio para estudar e registrar suas músicas. “Se não posso mais ter uma banda, então que eu seja a banda…”, dizia.
Em 2008, atuou fortemente na área de tecnologia da informação, onde conheceu seu grande amigo, Tiago Tavares, competente tecladista conhecido no mundo artístico como Tiago Mineiro, que viveu o impasse de continuar com o bom rendimento na área de TI ou largar tudo e arriscar todas as fichas na música, como, de fato, fez. Nesse instante, o trabalho e as discussões de “seguir seus sonhos” fez que toda a repressão musical imposta por anos voltasse à tona e, com o apoio fundamental de Tiago Mineiro, retornou ao cenário musical.
O retorno para a música
No fim do ano de 2009, retornou definitivamente aos palcos no projeto de death metal melódico VISMAL e, em 2012, iniciou o projeto da Banda Eve Desire com a vocalista Arya Medeiros, que viria a se tornar sua sócia, esposa e mãe de suas duas filhas.
A Eve Desire inciou suas atividades como Nightwish Cover e foi premiada como uma das “top 5” do mundo por dois anos consecutivos. Após realizar mais de cem shows em um ano, decidiu partir para som autoral, lançando de forma independente a demo “Vitruvia”. Após a publicação online da faixa, o clipe foi lançado com exclusividade pela Rádio UOL, obtendo mais de 4 mil visualizações em 24 horas.
O sucesso da demo chamou a atenção de renomados produtores, até que,em 2014, a banda assinou contrato com Thiago Bianchi (Shamann e Noturnall) para a produção do primeiro álbum. No meio do caminho, duas gestaçõesde Arya e problemas de saúde de Bianchi adiaram os trabalhos, forçando a banda a fazer uma pausa nas gravações. Em 2017, Cappia fez o arranjo orquestral da faixa de abertura do CD Comemorativo aos 25 anos de carreira de Edu Falaschi, lançado pela MS Metal Records.
De volta ao estúdio para terminar o álbum, a banda lança agora em 2018 o single “Quântica”, com participação de Maurício Nogueira (Matanza) e, no próximo ano, o disco na íntegra, com nova versão de “Vitruvia” e muito heavy metal sinfônico, aliando a forte influência da música erudita ao power metal, com vocal predominantemente lírico e uma parede sonora de peso em perfeita combinação. No meio dessa produção, conversamos com o tecladista que nos contou um pouco de sua história e de seus projetos.
TA: Sua formação foi erudita. Como se aproximou do rock?
Wagner Cappia: Desde o começo dos meus estudos, entendia que o rock era a música erudita moderna. Morando perto do berço do rock em São Paulo, o bairro da Pompeia, o convívio diário com bandas autorais – principalmente rock e progressivo – fez que o estilo fosse natural na minha formação. Era claro que o rock e o progressivo possuíam todas as bases de construção similares à música erudita. Os anos 80 foram riquíssimos na produção mundial… Iron Maiden, Deep Purple, ELP, Beethoven, Vivaldi e Mozart não saiam do meu toca-discos. Duas coisas eu nasci sabendo: queria ser tecladista e tocar metal!
TA: Como está sendo a produção do álbum? Quais as principais dificuldades?
Wagner Cappia: Quando fechamos a produção do álbum, não tínhamos ainda todas as músicas compostas. Exceto por mim e pela Arya, a formação da banda demorou a estabilizar, então, para evitar problemas futuros, assumi a maioria das composições e sempre com a Arya cuidando das letras e melodias de voz. O processo de pré-produção e o início de produção foi conturbado, com problemas de saúde do Bianchi, gestação da Arya e trocas na formação da banda. Mas agora estamos completamente entregues ao processo e o primeiro resultado é o lançamento da música “Quantica” nas plataformas de streamer (Spotify, Deezer e iTunes) além do clipe – que conta com a participação especial de Maurício Nogueira (Matanza) na guitarra – disponível no Youtube e Vimeo.
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