É Pra Jazz


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O pianista e compositor paulista Henrique Mota se une ao baterista Cuca Teixeira e ao baixista Iury Batista em disco autoral


Formado em piano erudito pela fundação das artes em São Caetano do Sul, Henrique Mota está inserido na cena da música instrumental brasileira, tendo se apresentado pela noite e em festivais de jazz pelo Brasil. Já tocou com Filó Machado, Arismar do Espirito Santo, Daniel D’Alcântara e Edu Ribeiro, entre outros nomes consagrados, e gravou seu primeiro trabalho autoral de jazz contemporâneo, o disco Herança, em 2019. No ano seguinte, gravou Firmeza, álbum de piano solo, e produziu o livro Introdução ao Jazz – Volume 1, lançando seu curso online. Em 2021, foi a vez do disco Temática Brasileira, pela Kuarup editora, e, em 2023, Concerto Livre, mais um disco solo.

Agora, ao lado de Cuca Teixeira na bateria e Iury Batista no contrabaixo, o pianista lança o álbum autoral É Pra Jazz. Em formato de trio, com as participações especiais do baixista Thiago Espírito Santo e do saxofonista Cássio Ferreira, o disco traz a conexão entre o erudito, que faz parte da formação de Mota, com o jazz contemporâneo, ambiente em que o pianista transita em sua obra. O álbum apresenta sete faixas, sendo seis composições originais e uma releitura. O título, segundo o pianista, faz alusão ao termo “é pra já”, pois, em tempos modernos e tecnológicos, tudo é realizado com muita agilidade e rapidez. No repertório, estão “One Note Samba”, “Life Goes On”, “É pra Jazz”, “Nobre” (com participação especial de Thiago Espirito Santo), “Rudge Ramos”, “Avocado” e “Song for Isa” (com participação especial de Cássio Ferreira), todas composições de Mota, com exceção da faixa de abertura, de Tom Jobim. Conversamos com Henrique Mota para saber mais sobre o álbum e o trio. Confira!

Depois de alguns álbuns solo, qual a ideia desse álbum em trio? O que te levou a formar um trio e gravar nesse formato?

Acredito que para todo mundo – ou pelo menos para nós, pianistas, que temos nossos heróis como referência, sejam nacionais ou internacionais – a formação de trio é muito presente, desde os patriarcas que vêm da era do bebop, como os trios de Bud Powell, depois os de Bill Evans, fazendo essa subida pelo tempo até os trios do Keith Jarrett. É uma formação que é muito presente para nós, até olhando no cenário nacional, o Zimbo Trio. Então, a gente sempre tem, como pianista de música brasileira, de jazz, essa vontade de fazer um trio, também pela forma como a gente consegue trabalhar. No trio a gente tem algumas possibilidades interessantes na hora de improvisar, diferentes de um formato com outro instrumento de harmonia junto. O que me levou a realmente pensar nesse formato de trio é porque faz parte de tudo que se escuta, de Herbie Hancock a Chick Corea. É uma vontade que já vem de muito tempo. Creio que todo pianista tem essa vontade de fazer o próprio trio.


E como foi a formação desse trio? Como você, o Cuca Teixeira e o Iury Batista se conheceram?

Com o Cuca, a gente tem um contato há mais ou menos uns dois anos. Ele tem um trabalho há muito tempo, já é um baterista muito conhecido no nosso cenário, é um cara do som. Então, eu já conhecia o Cuca e o trabalho dele, desde muitos anos, mas nunca havia tocado com ele. E aí surgiu a oportunidade de em um lugar que eu toco, no bairro do Itaim Bibi, em São Paulo, um som que a gente toca na calçada. E chamei o Cuca, “vou dar um toque nele, faço com vários músicos, sempre quis tocar com ele…”. Ele supertopou e rolou uma química muito legal. O Iury também é um amigo que conheci na noite. Falei para ele: “Vamos tocar tal dia!”, e a gente se encontrou lá, em uma outra gig. Aí eu pensei: “Poxa, estou nessa busca de montar um trio…”. Aí convidei os dois para a gente fazer um som ali, despretensiosamente, de tocar, de se divertir. Rolou uma conexão bacana, tanto com o Iury quanto com o Cuca, grandes músicos. O Iury também é da minha geração, veio do Ceará e é um rapaz supertalentoso e amigo, irmão. Então foi essa a receita, unindo o útil ao agradável. Grandes músicos, grandes pessoas, não é só de tocar muito, mas é a conexão. O Cuca já tocou com todo mundo e é supergeneroso no som. Não rola um lance de “minha história”, não rola, vamos tocar! Então isso, junto com o Iury e comigo, foi de onde veio essa vontade: “Vamos gravar um trabalho, vamos gravar um disco”. E viemos desde então tocando quase toda semana, todo mês pelo menos, em São Paulo, e em shows. Acabei montando um outro projeto de quarteto com eles, junto com o Cássio (Cassio Ferreira, saxofonista), e a gente fez uns festivais, algumas coisas. Então, a gente está bem conectado!


A ideia é que esse trio se mantenha ou foi um trabalho esporádico?

A ideia é que sim, que ele se mantenha. A ideia é de montar um trio. Tenho muito essa visão: quanto mais você toca, quanto mais você está se relacionando com uma pessoa, seja na vida amorosa, seja na vida profissional, mais você cria ali um vínculo. Então, a música também não deixa de ser um vínculo. A minha intenção é que a gente mantenha um relacionamento a longo tempo, tocando. Obviamente, que, como músicos, talvez não serão todos os shows… Tudo pode acontecer, não necessariamente todos os shows vão ter a mesma formação, mas por conta de outros trabalhos. Mas a minha ideia é que seja um trio oficial, que a gente faça muitos shows e que a gente crie mais essa conexão. Assim como os grandes trios que, às vezes, mantém a formação por muitos anos. Então, é minha intenção manter esse trio com essa formação, seja para shows aqui, seja shows lá fora…

Leia a entrevista completa de Henrique Mota na edição 120 de Teclas & Afins clicando aqui!

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