Fabio Torres – De Cara Pro Sol


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Lançando seu segundo CD autoral, o pianista Fabio Torres fala sobre a interação entre o jazz, o  erudito e a tradição brasileira, registrada em composições camerísticas e solos de piano

 

O pianista, arranjador e compositor Fabio Torres respira música desde os 5 anos de idade. Formado em composição pela USP, venceu o Projeto Nascente em 1993 e foi finalista do Prêmio Visa em 1998, ao lado de André Mehmari e Hamilton de Holanda. Além de integrar o grupo de grandes artistas como a cantora Rosa Passos, com quem toca há quase 15 anos, e o lendário trombonista Raul de Souza, Fabio integra o Trio Corrente, ao lado de Edu Ribeiro (bateria) e Paulo Paulelli (contrabaixo), grupo que é considerado uma das melhores formações instrumentais em  atividade no Brasil.

Em 2014, conquistaram dois dos maiores prêmios da música mundial: o Grammy Awards e o Grammy Latino (em um inédito empate com Chick Corea), ambos na Categoria Melhor Álbum de Jazz Latino pelo CD Song for Maura, realizado em parceria com o saxofonista cubano Paquito D’Rivera.

 

Trabalho solo

Fabio já participou de inúmeros CDs e possui dois discos autorais: Pra Esquecer das Coisas Úteis, de 2009, que conta com a participação de Luciana Alves, Tatiana Parra, Fabiana Cozza, Renato Braz, Chico Pinheiro e outros, e recebeu excelente acolhida pela crítica especializada; e o novo De Cara pro Sol, com composições autorais, no qual o músico mostra seu amadurecimento técnico e estético como instrumentista, além do seu lado arranjador, que pode ser conferido nas faixas de formação camerística que incluem cello, flauta, clarinete, violão e contrabaixo acústico.

Paralelamente ao trabalho em cima dos palcos, Fabio lançou em 2016 seu método online de Rítmica Brasileira aplicada ao Piano, que tem recebido elogios de grandes pianistas brasileiros. Seu trabalho vem sendo, a cada dia, mais reconhecido no Brasil e no exterior, como atestam as recentes performances em clubes e festivais no Brasil e em países como Japão, Espanha, França, Coreia, EUA, Irlanda, Escócia, Holanda e Suíça, entre tantos outros.

 

De Cara Pro Sol é seu segundo CD autoral. E ele extrapola os limites de um trio de jazz. Como é essa ideia? Como é essa necessidade de fazer mais do que o formato que está te consagrando?

No Corrente, tenho a possibilidade de levar ao limite essa formação de trio de piano jazz. Tenho parceiros com quem amo tocar, o Edu Ribeiro e o Paulo Paulelli, e a gente leva isso ao limite, ao nosso limite, não vamos ser presunçosos (risos). Mas a gente tenta explorar aquela formação ao máximo. O que acontece ali é que há muito entrosamento e a maneira como toco piano é, não limitada, mas delimitada, talvez, por essa formação. Então, por exemplo, minha mão esquerda é em função do que o Paulelli toca e tudo é muito ritmado, muito “suingado”. As pessoas que não me conhecem fora do Corrente talvez não saibam que tenho também um lado camerístico, da música erudita, que estudei e adoro. Fiz conservatório e, depois, universidade. Adoro tocar música de câmara.

 

E qual a diferença?

O Paulelli toca em duas faixas, mas grande parte desse CD não tem nem baixo nem bateria, mas muitas faixas de piano solo. Isso me dá liberdade de trabalhar o ritmo da maneira que os eruditos fazem: em alguns momentos, em vez de ter um pulso, você passeia por esse pulso. Então, você acelera, retarda… É como se o que movesse você não fosse um pulso, um reloginho, como é no Corrente. Digo que são duas abordagens diferentes. Em uma, você tem um pulso e fica passeando por esse pulso, que é o trio piano-baixo-bateria.

Tocando sem a bateria e o contrabaixo, consigo não ter esse pulso, mas criar esse pulso e ficar variando sobre ele, como um coração que se acelera quando está angustiado e se acalma quando está tranquilo. Então, a música pulsa de outra maneira. Eu queria mostrar esse lado que tenho e, por isso, esse é um disco tão diferente dos que faço em trio, no Corrente. E queria mostrar o lado autoral, porque, no trio, a gente toca muitos standards, um pouco de músicas minhas, um pouco do Edu, mas não há espaço para o lado autoral de cada um. Então, esse é um disco inteirinho autoral. É o jeito de eu mostrar essa outra vertente.

 

 

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